Dando continuidade ao primeiro artigo sobre cura interior, vamos falar sobre o primeiro grande passo e com certeza um dos mais difíceis de serem dados, no caminho em direção à cura de nossas feridas interiores. Dedico este artigo a F.A., uma filha amada de Deus que está iniciando uma bela aventura de mãos dadas com Deus, rumo a uma vida nova e totalmente curada.
Como vimos no artigo anterior, cujo link está no inicio deste novo texto, a cura interior deve ser encarada como um processo. Cura interior não é um remédio e sim um tratamento. Vários podem ser as medicações ministradas durante este tratamento. O mesmo tratamento não se aplica, na maioria dos casos, em outros pacientes e o médico dos médicos, Jesus Cristo, sempre irá adaptar o tratamento de cura interior, deixando-o totalmente personalizado para você. Com esta analogia, inspirada pelo Espírito Santo, podemos então concluir que várias serão as intervenções divinas que Jesus fará na vida daquele ou daquela que encontra-se debaixo de Seus cuidados. Algumas destas intervenções servirão para nos motivar ou conduzir a realizar alguma atividade, ou poderá ser intervenções onde quem atua é o próprio Jesus. Cabe somente a Ele equilibrar o uso destas intervenções. Uma destas intervenções divinas, já como parte preponderante do processo de cura interior, é sem dúvida alguma a vivência do perdão. Não existe a menor possibilidade de cura interior sem a vivência do perdão. Sem o perdão sequer podemos falar de cura interior e iniciar nossa jornada neste caminho. Nesta reflexão de hoje iremos abordar, junto com nosso Deus, como dar este passo, onde e como arranjar forças e por que eu devo dar este passo. Vamos caminhar!
O verbo perdoar vem do latim perdonare cujo significado é conceder ou dar. Podemos concluir que o ato de perdoar é um ato de doação, onde aquele que exerce o ato de perdoar age por livre e espontânea vontade, fazendo uma doação de amor gratuito e esquecendo aquilo que magoava, feria, entristecia ou trazia quaisquer outros sentimentos negativos. Este é o conceito técnico, encontrato em vários dicionários, sobre perdão. Parece fácil e simples olhando apenas o conceito técnico do perdão, não mesmo? Mais não se engane com o conceito. Há tanto sentimento escondido por trás desta palavrinha. Existe tanta importância espiritual num gesto, que nos parece simples conceitualmente. Não deixe que a simples definição de perdão iluda seu coração tornando o ato de perdoar menos importante do que pareça. O perdão é a chave para a cura interior e sem vivenciá-lo torna-se impossível ser curado, pois a falta de perdão em nós é como um cancêr da alma, que vai dia apos dia matando o amor, a piedade, a vontade de viver e as certezas em nosso coração. Um coração que não perdoa e não pede perdão torna-se um coração aprisionado em sentimentos fúteis. Não vivenciar o perdão é ingerir um veneno extremamente mortal para matar meus desafetos, porém se eu tomo um venevo quem morrerá sou eu e não meu desafeto. Podemos concluir que a falta de perdão é um ato contra nós mesmos. Se você conseguiu enxergar assim digo que Deus já está trabalhando em seu coração, pois é realmente isso que acontece. O maior prejudicado quando o perdão não é vivenciado sou eu mesmo. Não há outra pessoa mais prejudicada que eu.
O Dr. Fred Luskin, autor do livro “A cura pelo perdão” e de uma pesquisa entitulada “Forgiveness Project” (Projeto do Perdão), provou que a falta de perdão causa males fisiológicos. Sabemos que a falta de perdão causa males espirituais e esta pesquisa provou que os males causados pela falta de perdão também afetam nosso organismo, podendo originar dores de cabeça, dores de barriga, problemas cardíacos, hipertensão e até mesmo câncer. Isso mesmo. Muitos se assustam ao se depararem com esta pesquisa e começam a ligar situações que têm vivido com a descoberta publicada, em 2001, pelo Dr. Fred Luskin. Realmente carregar este sentimento ruim dentro de nós não é nem de longe uma boa idéia.
Toda esta informação é bastante interessante, porém não torna o perdão algo fácil de ser alcançado, vivido, concedido e pedido. Faço questão de mencionar diversas vezes, que a cura interior é um processo e como tal precisa ser cultivada, trabalhada e até mesmo saboreada diariamente. Somente assim eu terei forças para continuar com a medicação necessária durante todo o tratamento. Num primeiro momento, perdoar pode parecer algo impossível. Você, caro leitor, deve estar exclamando que este humilde autor não faz a mínima idéia da sua vida, do que lhe fizeram, do quanto você foi maltratado ou maltratada, do quanto você foi ou até mesmo ainda continua sendo humiliado(a). Realmente eu não faço a mínima idéia e sinceramente nem preciso fazer, pois o importante aqui não é eu saber de sua história, mais sim que Deus sabe. Ele conhece tudo que você vive e sabe de tudo que falaram de você, que fizeram contra você, das injustiças, calúnias e também daquilo que você fez a alguém e por arrogância não tem coragem de pedir perdão, pois isso seria demais para você. Deus sabe de todas as coisas e isso já nos basta para começarmos a trabalhar este sentimento dentro de nós.
Existe uma maneira prática e muito eficaz de se trabalhar o perdão em nós. Chama-se gotejamento de amor. Li isso num livro do Pe. Léo e gravei no coração. Como a cura interior é um processo, precisamos deixar pingar, nem que seja uma única gota, de amor nas feridas abertas pela falta de vivência do perdão. Porém para que este gotejamento se inicie é preciso que uma decisão seja tomada pois perdão é antes de mais nada uma decisão. Eu preciso me decidir em perdoar. Muitos irmãos abandonam o processo de cura interior por se confundirem neste passo, achando que o perdão é um sentimento, quando não o é. Perdão não é sentimento, perdão é decisão! Decisão de amar, decisão por libertar-se, libertar o outro! É, sem a menor dúvida decidir-se por uma vida melhor! Eu preciso mover o perdão da área das emoções, sob a qual não temos a menor força, para a área da vontade onde nós podemos controlar o que sentimos e desejamos fazer. É somente no campo da vontade que podemos deixar a razão agir, sem a interferência da emoção. A emoção, em alguns casos torna-se uma poderosa inimiga, pois nos faz fantasiar as coisas e torná-las mais difíceis do que realmente são. Perdão, portanto é racional e não emotivo! Por isso é possível perdoar mesmo quando meu desejo diz o contrário, pois é fruto da decisão racional! O fato de eu me decidir em perdoar não significa que eu irei, automaticamente e de uma hora para a outra, morrer de amores pela pessoa que estou perdoando. Isso é hipocrisia e fere a regra número um da cura interior que é não ser algo imediato. Cura interior não é fruto de imediatismo. Por isso acalme seu coração. A decisão por perdoar nasce no coração trabalhado por Deus cujo processo de gotejamento de amor se iniciou, ou seja, o amor de Deus começou a ser cultivado e regado na terra do seu coração e isso começou a mexer com você de alguma forma. De forma muito natural e com a força dada por Deus, que nos concede a graça divina do perdão, eu começo a desejar me libertar daquilo. Porém, como tudo ainda está no inicio eu começo a travar uma batalha comigo mesmo contra aquilo que eu estou sentindo, pois nosso comodismo não nos permite tentar mudar uma situação de falta de perdão. Mais Deus pode ser vitorioso e neste momento eu devo exercer a força de vontade e proclamar para mim mesmo que eu quero e vou perdoar! Eu quero e vou pedir perdão! Perdão é força de vontade e decisão! Sem decidir-se pelo perdão é impossível vivenciá-lo verdadeiramente. Por mais difícil que possa parecer o perdão é fundamental! É pre-requisito para a cura interior. Sem perdão não será possível continuar no processo de cura interior. Perdoar não é deixar de lado os sentimentos e as emoções, mais antes canalizá-las para algo mais produtivo. Por isso é possível sim perdoar alguém e continuar sentindo raiva e tristeza, até porque se eu deixo de sentir isso por aquela pessoa, que eu preciso perdoar, o perdão já não será mais preciso, concorda comigo? O problema já terá sido esquecido. Perdoar é deixar o amor gotejar vagarosa e fertilmente, de forma que a ferida causada por aquela pessoa, possa ser banhada em amor e as gotas deste amor, ao passo que eu as cultivo no meu coração, irão também gotejar no coração daquela pessoa que lhe feriu. Não se convença de que perdoar e continuar sentindo rancor, ódio, raiva ou qualquer outro sentimento ruim pela pessoa, seria um ato hipócrita seu, pois não é! O perdão só é exercido em um coração ferido pois do contrário ele seria totalmente em vão.
O perdão precisa ser externado sempre. Isso quer dizer que não adianta eu dizer que perdôo alguém se este alguém não ficar sabendo. Hoje temos tantas formas de externar este perdão. Se você ainda não tem coragem de dizer pessoalmente, ligue para esta pessoa, mande um email, um recado no Orkut, Twitter, MSN, torpedo, sinal de fumaça, carta, etc. Só não deixe de externalizar pois perdão que não é externalizado torna-se um falso sentimento que poderá alimentar uma mágoa ainda maior dentro de você, ferindo ainda mais seu coração, tornando o processo de cura interior ainda mais difícil e doloroso. Em alguns casos a pessoa que precisamos perdoar mora muito longe, não pode nos ouvir ou até mesmo já faleceu. Não há problema! O perdão é, antes de tudo, um ato curador para quem o problema, o externa. Diga a esta pessoa, mesmo se ela já tiver falecido, que você a perdoa. Repita isso em voz alta para você se ouvir. Deus levará seu perdão até esta pessoa, caso ela já tenha falecido. A palavra tem um poder fenomenal! Pela palavra podemos construir ou destruir, ligar ou desligar, curar ou ferir, abençoar ou amaldiçoar. Por isso, tome posse do poder curador que há na palavra proclamada por você, de maneira decidida e goteje perdão e amor nos seus próprios ouvidos. Repita isso diariamente, até você se convencer totalmente disso e notar que aquele ódio está aos poucos se dissipando.
Podemos classificar o perdão em 03 tipos macro: perdoar a mim mesmo, perdoar a Deus e perdoar meu próximo. Todos os três tipos são muito imporantes e muitas vezes estão intimamente ligados. Eu posso não perdoar a Deus porque antes eu não me perdoo de ter cometido um aborto, por exemplo. No fundo eu posso culpar a Deus pelos meus fracassos, sendo que eles são fruto das minhas escolhas. Preciso me perdoar pelas vezes que fracassei, pelas vezes que não fui fiel a Deus, pelas vezes que não consegui me manter firme e cai nas fraquezas, enfim, eu preciso estar bem comigo mesmo antes de partir para perdoar os outros e até mesmo a Deus. O perdão a Deus não se deve somente a pessoa de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, mais sim perdoar a Igreja em si, nos seus bispos, sacerdotes, diáconos, leigos, consagrados, o Santo Padre o Papa, pregadores, movimentos, cantores, etc. É perdoar a Igreja, pelo que eu a culpei de ter feito em mim, quando na verdade foram atitudes de homens e não de Deus. Preciso perdoar a Deus, na pessoa daquele sacerdote que me perseguiu algumas vezes, que me proibiu de fazer determinado evento na festa da paróquia. Preciso perdoar a Deus e a Igreja na pessoa do meu coordenador no Grupo de Oração, que não tem rezado como deve e tem tratado mau a todos. Preciso perdoar a Deus por eu achar que Ele matou minha família em um acidente de automóvel, quando na verdade foi uma fatalidade movida pela imprudência. Culpamos a Deus por tudo de ruim que nos acontece, quando Deu sé amor (cf 1Jo 4,16) e não pode sentir outra coisa senão amor! Agora o mais complicado, sem dúvidas, é perdoar meu próximo pois aqui começamos a mexer efetivamente nas feridas. Preciso perdoar o adultério do meu pai, da minha mãe, do meu marido, da minha esposa. Preciso perdoar meu pai que saiu de casa quando eu tinha apenas 10 anos e depois disso nossa vida familiar nunca mais foi a mesma. Preciso perdoar meu irmão por ele ter me roubado no comércio. Preciso perdoar meu padrasto alcóolatra que me violentou covardemente. São tantas as situações nas quais nossos corações estão dolorosamente ligados ao coração de outras pessoas, que as vezes nem se lembram do que fizeram a nós ou nem se culpam por isso, o que nos faz sentir muito piores.
Como nada no processo de cura interior é feito sem a presença curadora e amorosa de Deus, quero terminar este texto com uma oração inspirada pelo próprio Espírito Santo. Faça esta oração todos os dias até você conseguir perdoar ou pedir perdão àquelas pessoas que você precisa. Reze assim:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
Meu Deus, reconheço em vós a fonte de toda bondade e amor. Sei que és grande e que mesmo sendo tão onipotente, o Senhor escolheu ficar próximo a mim. Obrigado Senhor pela sua proximidade na minha vida. Obrigado Senhor Deus pelas vezes em que o Senhor esteve tão próximo de mim e meu pecado e infidelidade não me permitiram notar sua presença. Obrigado senhor pelas situações em que o Senhor me salvou da morte. Acreditando neste amor incondicional do Senhor por mim eu quero, nesta prece, pedir mais uma vez a sua presença viva em minha vida. Convido o Senhor a passear na minha história e quero que o Senhor volte comigo nas situações e nas pessoas que eu preciso perdoar. Quero sua ajuda, meu Deus, para não desistir deste processo de cura interior. Quero a sua graça para não me permitir voltar atrás e fugir de enfrentar meus maiores medos e decepções. Por isso, Senhor, quero lhe entregar o meu coração machucado por situações que o Senhor bem conhece. Sei que o Senhor não trata minhas situações como sendo fúteis, mais com amor de Pai, o Senhor respeita meu sofrimento e me sustenta nos momentos de maior dor. Quero uma gota do seu amor no meu coração agora Senhor, para que eu possa me decidir a perdoar, a amar e a cultivar este amor diariamente. Ensina-me Senhor a amar como Tu amas. A esperar como Tu esperas e a perdoar como o Senhor perdoa. Quero ser capacitado por Ti a buscar esta vida nova que o Senhor tem para mim. Quero hoje, Senhor, assumir o perdão na minha história, mesmo sem saber ao certo como irei trabalhar este sentimento, mesmo, talvez Senhor, em meio a lágrimas de dor eu me decido a perdoar (… diga o nome da pessoas para as quais você precisa dar o perdão e repita várias vezes: “Eu perdôo <diga o nome> …). Fortalece-me Senhor Deus, com o Teu Santo Espírito, para que eu tenha forças para continuar caminhando ao Teu lado neste caminho tão doloroso, porém tão importante que é a cura interior. Quero Te louvar, meu Deus, porque ouvistes minha prece e meu coração já se enche da Tua Santa Paz!
Reze um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai ao final desta oração. Se possível comungue por aquelas pessoas que você se recordou nesta oração. Reze-a diariamente, com fé e confiança de que Deus ouvirá seu clamor.
Que a força do amor de Deus possa capacitá-lo à vivência do perdão.
Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado
Como vimos no artigo anterior, cujo link está no inicio deste novo texto, a cura interior deve ser encarada como um processo. Cura interior não é um remédio e sim um tratamento. Vários podem ser as medicações ministradas durante este tratamento. O mesmo tratamento não se aplica, na maioria dos casos, em outros pacientes e o médico dos médicos, Jesus Cristo, sempre irá adaptar o tratamento de cura interior, deixando-o totalmente personalizado para você. Com esta analogia, inspirada pelo Espírito Santo, podemos então concluir que várias serão as intervenções divinas que Jesus fará na vida daquele ou daquela que encontra-se debaixo de Seus cuidados. Algumas destas intervenções servirão para nos motivar ou conduzir a realizar alguma atividade, ou poderá ser intervenções onde quem atua é o próprio Jesus. Cabe somente a Ele equilibrar o uso destas intervenções. Uma destas intervenções divinas, já como parte preponderante do processo de cura interior, é sem dúvida alguma a vivência do perdão. Não existe a menor possibilidade de cura interior sem a vivência do perdão. Sem o perdão sequer podemos falar de cura interior e iniciar nossa jornada neste caminho. Nesta reflexão de hoje iremos abordar, junto com nosso Deus, como dar este passo, onde e como arranjar forças e por que eu devo dar este passo. Vamos caminhar!
O verbo perdoar vem do latim perdonare cujo significado é conceder ou dar. Podemos concluir que o ato de perdoar é um ato de doação, onde aquele que exerce o ato de perdoar age por livre e espontânea vontade, fazendo uma doação de amor gratuito e esquecendo aquilo que magoava, feria, entristecia ou trazia quaisquer outros sentimentos negativos. Este é o conceito técnico, encontrato em vários dicionários, sobre perdão. Parece fácil e simples olhando apenas o conceito técnico do perdão, não mesmo? Mais não se engane com o conceito. Há tanto sentimento escondido por trás desta palavrinha. Existe tanta importância espiritual num gesto, que nos parece simples conceitualmente. Não deixe que a simples definição de perdão iluda seu coração tornando o ato de perdoar menos importante do que pareça. O perdão é a chave para a cura interior e sem vivenciá-lo torna-se impossível ser curado, pois a falta de perdão em nós é como um cancêr da alma, que vai dia apos dia matando o amor, a piedade, a vontade de viver e as certezas em nosso coração. Um coração que não perdoa e não pede perdão torna-se um coração aprisionado em sentimentos fúteis. Não vivenciar o perdão é ingerir um veneno extremamente mortal para matar meus desafetos, porém se eu tomo um venevo quem morrerá sou eu e não meu desafeto. Podemos concluir que a falta de perdão é um ato contra nós mesmos. Se você conseguiu enxergar assim digo que Deus já está trabalhando em seu coração, pois é realmente isso que acontece. O maior prejudicado quando o perdão não é vivenciado sou eu mesmo. Não há outra pessoa mais prejudicada que eu.
O Dr. Fred Luskin, autor do livro “A cura pelo perdão” e de uma pesquisa entitulada “Forgiveness Project” (Projeto do Perdão), provou que a falta de perdão causa males fisiológicos. Sabemos que a falta de perdão causa males espirituais e esta pesquisa provou que os males causados pela falta de perdão também afetam nosso organismo, podendo originar dores de cabeça, dores de barriga, problemas cardíacos, hipertensão e até mesmo câncer. Isso mesmo. Muitos se assustam ao se depararem com esta pesquisa e começam a ligar situações que têm vivido com a descoberta publicada, em 2001, pelo Dr. Fred Luskin. Realmente carregar este sentimento ruim dentro de nós não é nem de longe uma boa idéia.
Toda esta informação é bastante interessante, porém não torna o perdão algo fácil de ser alcançado, vivido, concedido e pedido. Faço questão de mencionar diversas vezes, que a cura interior é um processo e como tal precisa ser cultivada, trabalhada e até mesmo saboreada diariamente. Somente assim eu terei forças para continuar com a medicação necessária durante todo o tratamento. Num primeiro momento, perdoar pode parecer algo impossível. Você, caro leitor, deve estar exclamando que este humilde autor não faz a mínima idéia da sua vida, do que lhe fizeram, do quanto você foi maltratado ou maltratada, do quanto você foi ou até mesmo ainda continua sendo humiliado(a). Realmente eu não faço a mínima idéia e sinceramente nem preciso fazer, pois o importante aqui não é eu saber de sua história, mais sim que Deus sabe. Ele conhece tudo que você vive e sabe de tudo que falaram de você, que fizeram contra você, das injustiças, calúnias e também daquilo que você fez a alguém e por arrogância não tem coragem de pedir perdão, pois isso seria demais para você. Deus sabe de todas as coisas e isso já nos basta para começarmos a trabalhar este sentimento dentro de nós.
Existe uma maneira prática e muito eficaz de se trabalhar o perdão em nós. Chama-se gotejamento de amor. Li isso num livro do Pe. Léo e gravei no coração. Como a cura interior é um processo, precisamos deixar pingar, nem que seja uma única gota, de amor nas feridas abertas pela falta de vivência do perdão. Porém para que este gotejamento se inicie é preciso que uma decisão seja tomada pois perdão é antes de mais nada uma decisão. Eu preciso me decidir em perdoar. Muitos irmãos abandonam o processo de cura interior por se confundirem neste passo, achando que o perdão é um sentimento, quando não o é. Perdão não é sentimento, perdão é decisão! Decisão de amar, decisão por libertar-se, libertar o outro! É, sem a menor dúvida decidir-se por uma vida melhor! Eu preciso mover o perdão da área das emoções, sob a qual não temos a menor força, para a área da vontade onde nós podemos controlar o que sentimos e desejamos fazer. É somente no campo da vontade que podemos deixar a razão agir, sem a interferência da emoção. A emoção, em alguns casos torna-se uma poderosa inimiga, pois nos faz fantasiar as coisas e torná-las mais difíceis do que realmente são. Perdão, portanto é racional e não emotivo! Por isso é possível perdoar mesmo quando meu desejo diz o contrário, pois é fruto da decisão racional! O fato de eu me decidir em perdoar não significa que eu irei, automaticamente e de uma hora para a outra, morrer de amores pela pessoa que estou perdoando. Isso é hipocrisia e fere a regra número um da cura interior que é não ser algo imediato. Cura interior não é fruto de imediatismo. Por isso acalme seu coração. A decisão por perdoar nasce no coração trabalhado por Deus cujo processo de gotejamento de amor se iniciou, ou seja, o amor de Deus começou a ser cultivado e regado na terra do seu coração e isso começou a mexer com você de alguma forma. De forma muito natural e com a força dada por Deus, que nos concede a graça divina do perdão, eu começo a desejar me libertar daquilo. Porém, como tudo ainda está no inicio eu começo a travar uma batalha comigo mesmo contra aquilo que eu estou sentindo, pois nosso comodismo não nos permite tentar mudar uma situação de falta de perdão. Mais Deus pode ser vitorioso e neste momento eu devo exercer a força de vontade e proclamar para mim mesmo que eu quero e vou perdoar! Eu quero e vou pedir perdão! Perdão é força de vontade e decisão! Sem decidir-se pelo perdão é impossível vivenciá-lo verdadeiramente. Por mais difícil que possa parecer o perdão é fundamental! É pre-requisito para a cura interior. Sem perdão não será possível continuar no processo de cura interior. Perdoar não é deixar de lado os sentimentos e as emoções, mais antes canalizá-las para algo mais produtivo. Por isso é possível sim perdoar alguém e continuar sentindo raiva e tristeza, até porque se eu deixo de sentir isso por aquela pessoa, que eu preciso perdoar, o perdão já não será mais preciso, concorda comigo? O problema já terá sido esquecido. Perdoar é deixar o amor gotejar vagarosa e fertilmente, de forma que a ferida causada por aquela pessoa, possa ser banhada em amor e as gotas deste amor, ao passo que eu as cultivo no meu coração, irão também gotejar no coração daquela pessoa que lhe feriu. Não se convença de que perdoar e continuar sentindo rancor, ódio, raiva ou qualquer outro sentimento ruim pela pessoa, seria um ato hipócrita seu, pois não é! O perdão só é exercido em um coração ferido pois do contrário ele seria totalmente em vão.
O perdão precisa ser externado sempre. Isso quer dizer que não adianta eu dizer que perdôo alguém se este alguém não ficar sabendo. Hoje temos tantas formas de externar este perdão. Se você ainda não tem coragem de dizer pessoalmente, ligue para esta pessoa, mande um email, um recado no Orkut, Twitter, MSN, torpedo, sinal de fumaça, carta, etc. Só não deixe de externalizar pois perdão que não é externalizado torna-se um falso sentimento que poderá alimentar uma mágoa ainda maior dentro de você, ferindo ainda mais seu coração, tornando o processo de cura interior ainda mais difícil e doloroso. Em alguns casos a pessoa que precisamos perdoar mora muito longe, não pode nos ouvir ou até mesmo já faleceu. Não há problema! O perdão é, antes de tudo, um ato curador para quem o problema, o externa. Diga a esta pessoa, mesmo se ela já tiver falecido, que você a perdoa. Repita isso em voz alta para você se ouvir. Deus levará seu perdão até esta pessoa, caso ela já tenha falecido. A palavra tem um poder fenomenal! Pela palavra podemos construir ou destruir, ligar ou desligar, curar ou ferir, abençoar ou amaldiçoar. Por isso, tome posse do poder curador que há na palavra proclamada por você, de maneira decidida e goteje perdão e amor nos seus próprios ouvidos. Repita isso diariamente, até você se convencer totalmente disso e notar que aquele ódio está aos poucos se dissipando.
Podemos classificar o perdão em 03 tipos macro: perdoar a mim mesmo, perdoar a Deus e perdoar meu próximo. Todos os três tipos são muito imporantes e muitas vezes estão intimamente ligados. Eu posso não perdoar a Deus porque antes eu não me perdoo de ter cometido um aborto, por exemplo. No fundo eu posso culpar a Deus pelos meus fracassos, sendo que eles são fruto das minhas escolhas. Preciso me perdoar pelas vezes que fracassei, pelas vezes que não fui fiel a Deus, pelas vezes que não consegui me manter firme e cai nas fraquezas, enfim, eu preciso estar bem comigo mesmo antes de partir para perdoar os outros e até mesmo a Deus. O perdão a Deus não se deve somente a pessoa de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, mais sim perdoar a Igreja em si, nos seus bispos, sacerdotes, diáconos, leigos, consagrados, o Santo Padre o Papa, pregadores, movimentos, cantores, etc. É perdoar a Igreja, pelo que eu a culpei de ter feito em mim, quando na verdade foram atitudes de homens e não de Deus. Preciso perdoar a Deus, na pessoa daquele sacerdote que me perseguiu algumas vezes, que me proibiu de fazer determinado evento na festa da paróquia. Preciso perdoar a Deus e a Igreja na pessoa do meu coordenador no Grupo de Oração, que não tem rezado como deve e tem tratado mau a todos. Preciso perdoar a Deus por eu achar que Ele matou minha família em um acidente de automóvel, quando na verdade foi uma fatalidade movida pela imprudência. Culpamos a Deus por tudo de ruim que nos acontece, quando Deu sé amor (cf 1Jo 4,16) e não pode sentir outra coisa senão amor! Agora o mais complicado, sem dúvidas, é perdoar meu próximo pois aqui começamos a mexer efetivamente nas feridas. Preciso perdoar o adultério do meu pai, da minha mãe, do meu marido, da minha esposa. Preciso perdoar meu pai que saiu de casa quando eu tinha apenas 10 anos e depois disso nossa vida familiar nunca mais foi a mesma. Preciso perdoar meu irmão por ele ter me roubado no comércio. Preciso perdoar meu padrasto alcóolatra que me violentou covardemente. São tantas as situações nas quais nossos corações estão dolorosamente ligados ao coração de outras pessoas, que as vezes nem se lembram do que fizeram a nós ou nem se culpam por isso, o que nos faz sentir muito piores.
Como nada no processo de cura interior é feito sem a presença curadora e amorosa de Deus, quero terminar este texto com uma oração inspirada pelo próprio Espírito Santo. Faça esta oração todos os dias até você conseguir perdoar ou pedir perdão àquelas pessoas que você precisa. Reze assim:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!
Meu Deus, reconheço em vós a fonte de toda bondade e amor. Sei que és grande e que mesmo sendo tão onipotente, o Senhor escolheu ficar próximo a mim. Obrigado Senhor pela sua proximidade na minha vida. Obrigado Senhor Deus pelas vezes em que o Senhor esteve tão próximo de mim e meu pecado e infidelidade não me permitiram notar sua presença. Obrigado senhor pelas situações em que o Senhor me salvou da morte. Acreditando neste amor incondicional do Senhor por mim eu quero, nesta prece, pedir mais uma vez a sua presença viva em minha vida. Convido o Senhor a passear na minha história e quero que o Senhor volte comigo nas situações e nas pessoas que eu preciso perdoar. Quero sua ajuda, meu Deus, para não desistir deste processo de cura interior. Quero a sua graça para não me permitir voltar atrás e fugir de enfrentar meus maiores medos e decepções. Por isso, Senhor, quero lhe entregar o meu coração machucado por situações que o Senhor bem conhece. Sei que o Senhor não trata minhas situações como sendo fúteis, mais com amor de Pai, o Senhor respeita meu sofrimento e me sustenta nos momentos de maior dor. Quero uma gota do seu amor no meu coração agora Senhor, para que eu possa me decidir a perdoar, a amar e a cultivar este amor diariamente. Ensina-me Senhor a amar como Tu amas. A esperar como Tu esperas e a perdoar como o Senhor perdoa. Quero ser capacitado por Ti a buscar esta vida nova que o Senhor tem para mim. Quero hoje, Senhor, assumir o perdão na minha história, mesmo sem saber ao certo como irei trabalhar este sentimento, mesmo, talvez Senhor, em meio a lágrimas de dor eu me decido a perdoar (… diga o nome da pessoas para as quais você precisa dar o perdão e repita várias vezes: “Eu perdôo <diga o nome> …). Fortalece-me Senhor Deus, com o Teu Santo Espírito, para que eu tenha forças para continuar caminhando ao Teu lado neste caminho tão doloroso, porém tão importante que é a cura interior. Quero Te louvar, meu Deus, porque ouvistes minha prece e meu coração já se enche da Tua Santa Paz!
Reze um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai ao final desta oração. Se possível comungue por aquelas pessoas que você se recordou nesta oração. Reze-a diariamente, com fé e confiança de que Deus ouvirá seu clamor.
Que a força do amor de Deus possa capacitá-lo à vivência do perdão.
Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado
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