Nas estradas da vida

Definitivamente o Antigo Testamento só pode ser compreendido por completo à luz do Novo Testamento e de maneira centralizada na pessoa de Jesus Cristo. Isso é o que temos estudado no mês de novembro: histórias no AT que se confirmam na vida de Cristo no NT, o jeito de Deus de se comunicar com a humanidade.
Em Atos 8.26-40 lemos mais um episódio interessante que entrelaça a ação de Deus na história da humanidade e revela o interesse de Deus pelas pessoas. A narrativa mostra três lances do estado de alma do etíope:

1.Um coração cheio de interesse

Apesar de não ser judeu, estava de viagem de volta após ter ido a Jerusalém para adorar a Deus (v 27), cumprindo, sem saber, a profecia do Salmo 68.31. Apesar de ser um homem que administrava os tesouros de seu país, dedicava tempo à leitura das escrituras sagradas (v 28). Não somente lia para si, mas o fazia em voz elevada para que todos ao seu redor também pudessem ouvir e se interessar (v 30a). Ao invés de voltar-se somente às coisas materiais, estava em busca de um significado maior para a vida e queria um relacionamento verdadeiro com Deus.
Na vida real muita coisa concorre com o interesse no que é verdadeiro e eterno. Encabeçando a lista do que desvia nosso interesse do verdadeiro Deus estão os falsos deuses. Investimos muito tempo e esperança no lugar errado. Voltamos nossos olhos e fazemos nossas orações a deuses feitos de madeira, plástico, papel, vaidade, poder, etc. A influência do presente século está mais presente em nossos valores do que temos tido consciência. Nossos deuses podem ser flagrados na descrição do que ocupa nosso tempo e coração. Leia Deuteronômio 4.28 e 29. Outro grande item que nos esvazia de interesse pelo Senhor é o pecado. O pecado cauteriza, imobiliza, endurece, esfria, embrutece. Leia Isaías 55.6-7 e Oséias 5.15- 6.6. Vamos nos arrepender da adoração dos falsos deuses e do pecado que quer nos afogar.

2.Um coração cheio de dúvidas

Mesmo acostumado a exercer autoridade, não tinha problemas em reconhecer que não entendia o que lia. Deus estava ouvindo aquela voz, mesmo que em uma estrada tão deserta e esquecida, enviando um de seus discípulos chamado Filipe (v 26). O texto que estava lendo (vv 32 e 33) era Isaías 53.7-8. A pergunta sobre aquele texto de 700 anos foi inevitável: a quem o profeta se refere? Como que dizendo: por que um servo tão castigado? Por que tanto sofrimento? Por que tamanha agressão? Por que o profeta dá tanto destaque a alguém que morre tão injustamente?
Interesse gera curiosidade. O evangelho cresceu dentro da cultura da tradição oral, onde os mais experientes e vividos (Filipe) cuidam de explicar aos que estão chegando (etíope). Nossa igreja tem redescoberto o discipulado e desejamos nos aprofundar ainda mais no próximo ano com o estímulo ao cuidado permanente uns dos outros. Vamos fugir da cultura de superficialidade que nos cerca e vamos voltar a fazer as perguntas poderosas para compreendermos com mais profundidade o alcance da obra de Cristo.

3.Um coração cheio de alegria

A boa instrução vem de uma boa e interessada pergunta. Ao sentar-se ao lado do etíope, Filipe mansamente passa a explicar que aquele texto se referia a Cristo (v 35), predizendo sua morte e ressurreição, revelando o coração de servo totalmente entregue nas mãos do Pai e que denunciava seu exuberante amor por nós pecadores. Ao compreender de maneira tão clara que a oferta da vida do Servo era para resgatar a sua vida (Isaías 53.10), seus olhos espirituais foram abertos e teve o desejo de manifestar publicamente: “creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” (v 37). A mesma alegria de Jesus (Isaías 53.11) encheu o coração do eunuco (v 39).
A sociedade que nos cerca é triste e enfadonha, insaciável e perdida. A verdadeira alegria flui em nosso interior quando somos conectados ao Criador. Sabendo disso, ele mesmo nos deixou muitas promessas que o encontraremos e seremos cheios da sua presença. Lemos em Jeremias 29.13 e 14a: “Vocês vão me procurar e me achar, pois vão me procurar com todo o coração. Sim! Eu afirmo que vocês me encontrarão.” Ah quando o encontramos …
Conclusão
Você também entende que Jesus, o Servo, é a única resposta escrita por Deus na história da humanidade que nos liberta da morte, satisfaz todo anseio do coração e traz abundante alegria? Nossa vida só alcança real valor e significado quando está totalmente entregue nas mãos de Deus. Como o etíope, tenha o real interesse por Deus, busque-o de todo o coração e ele virá ao seu encontro nas estradas da vida.